O francês Louis Braille perdeu a visão aos três anos. Quatro anos depois ele ingressou no Instituto de Cegos de Paris. Em 1827, então com dezoito anos, tornou-se professor desse instituto. Ao ouvir falar de um sistema de pontos e buracos inventado por um oficial para ler mensagens durante a noite em lugares onde seria perigoso acender a luz, Braille fez algumas adapatações no sistema de pontos em relevo.
Em 1829 publicou o seu método.
O Alfabeto
Cada sinal gráfico em Braille é definido a partir de uma matriz de 2 colunas e 3 linhas, formando uma "cela" e cada cela terá 6 casas. Em cada casa dessa matriz há exclusivamente duas opções: ou é apresentado um ponto em auto-relevo ou plano .
Nas ilustrações desta página, onde houver uma bolinha vazia corresponderá ao espaço plano que seria apresentado na cela e onde for indicada uma bolinha cheia corresponderá a um ponto em auto-relevo. A seguir um modelo de cela com as 6 casas disponíveis.
De acordo com a cela e o modo de apresentar as opções temos 64 possibilidades, pois
`2^6 = 64`
E se você acha que 64 símbolos são MUITOS - engana-se! Não se esqueça que não temos apenas as 26 letras latinas para representar; temos que registrá-las em maiúsculas também, sem falar da acentuação, a pontuação, dos números e outros tantos símbolos que também usamos na escrita.
Contudo o alfabeto Braille tem tudo isso, segundo algumas regras de combinação de símbolos, podemos fazer esses 64 iniciais renderem até onde precisarmos.
Vamos organizar em grupos de 10 símbolos para facilitar para você.
O primeiro grupo de símbolos (a → j)
Neste grupo apenas as duas primeiras linhas da cela (casas 1, 2, 4 e 5) podem apresentar pontos em auto-relevo . Na terceira linha sempre plano (casas 3 e 6) .
O segundo grupo de símbolos (k → t)
A lógica que simplifica a memorização é usar na mesma ordem apresentada para os símbolos de a → j, porém agora para k → t com o ponto na casa 3 em auto-relevo .
O terceiro grupo de símbolos (u → z)
Aqui vão ser completadas as letras que faltam (u, v, x, y, z), a partir do grupo anterior, adicionando o ponto na casa 6 em auto-relevo .
Diferentemente do k e do y, o w não fazia parte do alfabeto português na fase pseudoetimológica, estando presente apenas em palavras estrangeiras; quando de seu aportuguesamento, foi substituída por u nas palavras de origem inglesa, ou por v, nas de origem alemã; ainda é empregada em palavras estrangeiras que não estejam devidamente aportuguesadas.
Mas não tem problema! Eis o w:
Matemática em Braille
Para os algarismos decimais se usam as mesmas letras de (a → j) com o indicador de número no início.
Para lembrar que letra corresponde ao número, conte com as mãos dizendo "a", "b", "c" ... até chegar no número desejado na mão. Por exemplo, para saber que letra corresponde ao 7, conte levantando cada dedo e dizendo "a", "b", "c" ... até chegar no 7. Se fez direitinho chegou no "g". Lembre-se que o décimo dedo será o 0 (zero). Portanto, j com indicação de número no início será 0.
Para os números "com vírgula" o indicador de quebra decimal.
Para os números múltiplos ou submúltiplos de 1.000, usamos o indicador de separador de milhar. Opcional.
As operações aritméticas e a relação de igualdade:
Expoente, grau e índice:
Abre e fecha parenteses:
Para o alfabeto grego o sistema é parecido com a indicação de numeral. Aqui, contudo, haverá uma indicação que estamos com o alfabeto grego, maíusculo ou minúsculo:
Se você que consegue enxergar pode ter achado difícil, imagine quem precisa. A eles, nosso respeito sempre e com muita admiração.